segunda-feira, 1 de abril de 2013

Sans teeth, sans eyes, sans taste, sans everything.

William Shakespeare - All the world's a stage
(de As You Like It, Acto II Cena VII)

All the world's a stage,
And all the men and women merely players:
They have their exits and their entrances;
And one man in his time plays many parts,
His acts being seven ages. At first the infant,
Mewling and puking in the nurse's arms.
And then the whining school-boy, with his satchel
And shining morning face, creeping like snail
Unwillingly to school. And then the lover,
Sighing like furnace, with a woeful ballad
Made to his mistress' eyebrow. Then a soldier,
Full of strange oaths and bearded like the pard,
Jealous in honour, sudden and quick in quarrel,
Seeking the bubble reputation
Even in the cannon's mouth. And then the justice,
In fair round belly with good capon lined,
With eyes severe and beard of formal cut,
Full of wise saws and modern instances;
And so he plays his part. The sixth age shifts
Into the lean and slipper'd pantaloon,
With spectacles on nose and pouch on side,
His youthful hose, well saved, a world too wide
For his shrunk shank; and his big manly voice,
Turning again toward childish treble, pipes
And whistles in his sound. Last scene of all,
That ends this strange eventful history,
Is second childishness and mere oblivion,
Sans teeth, sans eyes, sans taste, sans everything.

O mundo inteiro é um palco,
E todos os homens e mulheres, meros actores:
Têm as suas saídas e as suas entradas;
E um homem no seu tempo tem muitos papéis,
Os seus actos sendo as sete idades. No primeiro, a criança
Grita e baba nos braços da ama.
Mais tarde o estudante resmunga, com a sua mochila,
O rosto à luz da manhã, arrastando-se como uma lesma
Sem vontade de ir à escola. A seguir o apaixonado,
fornalha de suspiros, cantando dolorosa balada
às sobrancelhas da sua amada. Depois o soldado,
Cheio de estranhos juramentos, com barba de leopardo,
Zeloso de sua honra, rápido e súbito na briga,
Buscando a ilusória reputação
Até mesmo na boca do canhão. E então vem a justiça,
Com bela pança redonda feita de frango capão,
Com olhos severos e barba bem cortada,
Cheio de sábias dicas e argumentos modernos;
E assim o seu papel representa. A sexta idade chega,
ele frágil e enfiado em chinelos e pantalona,
Com óculos no nariz e a bolsa de lado,
As calças da mocidade, bem guardadas, um mundo de largueza
para as pernas mirradas, e a voz grande e viril
voltando de novo ao falsete infantil, a flautas
e assobios soa agora. A última cena de todas,
a terminar esta estranha e acidentada história,
É a segunda infância e o mero olvido,
Sine dentes, sine visão, sine gosto, sine coisa alguma.


(trad. minha)
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A peça de Shakespeare está no D. Maria II, traduzida por "À vossa vontade". Sem ilusões nem sequer opiniões favoráveis, vou ver.



É um bom complemento à 4ª de Brahms no dia 4, dirigida por David Zinman, maestro que, esse sim, me desperta boas expectativas.

2 comentários:

Paulo disse...

Depois me dirá o que achou de "As you like it".

Entretanto, ainda estou para saber se poderei ir ao Brahms.

Mário R. Gonçalves disse...

Paulo, se é mesmo mau (já perdoo o cenário, mas se o texto é mau ou a direcção de actores) desisto mesmo. Ajude lá :)

Na FCG dia 4, estou na fila 21, 9 e 10.