segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O Brahms de Helène Grimaud


Acabo de ouvir a gravação de Helène Grimaud dos dois concertos para piano de Brahms, o primeiro com a Orq. da Rádio da Baviera 'live', o segundo com a Filarmónica de Viena. Aguardado com alguma expectativa, o CD suscita "mixed feelings".

As gravações destes concertos por mãos femininas sempre me desiludiram e em geral evito-as. Não era preconceito, era um facto - o resultado costuma ser invariavelmente uma interpretação achopinada, perdoem o adjectivo, mais ou menos maneirista, aligeirada, insípida, sem a devida gravitas e, pior, sem alma dorida.

Helène Grimaud prova-me agora que isso não era fatal acontecer. Estará mesmo à altura dos melhores - Arrau, Michelangelo (bem...), Kovacevich. Ou talvez não esteja, mas é de facto primorosa, no vigor e no silêncio, na fluência e na contemplação. Não sei se isso é desagradável, mas ouve-se a respiração de Grimaud nos instantes cruciais do concerto nº1, gravado ao vivo. Por mim acho isso natural, torna até mais verdadeiro o momento.


As orquestras ajudam, luxuosas de cordas e madeiras como são. Mas podiam ajudar mais: a direcção de Andris Nelsons é menos que competente, não tem marca pessoal, é mesmo aborrecida e arrastada, sem 'pathos'. Uma pena, às vezes acontece mesmo o incrível, a orquestra "apagar-se" discretamente, com se só estivesse ali para acompanhar. Crime, em Brahms.

Seis valores em dez - falta aquele toque de génio na condução. Sete, só por cavalheirismo ;)

1 comentário:

Virginia disse...

Concordo em absoluto com a crítica. Este é talvez um dos concertos que mais "amo" de todos os que conheço para piano e aqui surge mastigado e martelado, uma seca....

Mesmo assim obrigada pela informação:))