quarta-feira, 30 de abril de 2014

'Old Tjikko', 9550 anos: ah, se as árvores falassem !



Situado no parque Nacional de Fulufjället, na Suécia, o Abeto de Dalarna, conhecido mais carinhosamente como 'Old Tjikko', é a árvore mais antiga do planeta, com 9550 anos, e o ser vivo mais antigo da Europa.


O tronco nem é assim tão velho - uns 600 anos; é o sistema radicular que sustenta a planta que, submetido ao teste do carbono 14, revelou essa idade espantosa.

De tempos a tempos, ramos caídos por terra ganham raiz e formam novos troncos, enquanto o antigo definha e morre. Este processo, conhecido como estratificação radicular, pemite a renovação do tronco, enquanto a raiz enterrada se mantém e pode ela também produzir novos troncos.


Por exemplo, no Inverno o peso da neve sobre os ramos mais baixos pode levá-los a cair sobre terra, ganhando raiz e renovando a árvore.

Só para referência, o velho Tjikko viu o fim da última glaciação, deve ter assistido à passagem de Mamutes, e é anterior à mais antiga escrita europeia, no fim do Neolítico, há cerca de 8000 anos (a Tábua de Dispilio, na Grécia).

Imaginar que esta arvorezita sem graça 'viu' a nossa espécie crescer desde as pequenas tribos de caçadores-colectores até aos 7 biliões que hoje dominam o planeta... ! Que histórias fantásticas não teria para contar - se pudesse falar.

O Fulufjället Park, situado a 61°35′N 12°40′E, é um parque interior junto à fronteira da Suécia com a Noruega.


Mas há no planeta sistemas arbóreos bem mais antigos - são colónias clonais ou árvores múltiplas, com sistema radicular comum.

A colónia de ÁlamosTremedores (Populus tremuloides) de Pando, Utah, é uma floresta-organismo com sistema radicular comum, cujo peso total é mais de 6000 toneladas - o mais pesado organismo vivo da Terra.



O espectacular Pando Aspen Grove é uma pequena floresta em que cerca de 40000 troncos nascem de uma enorme raíz comum, que pode ultrapassar os 80000 anos. Dá vertigens.

Mais uma vez, os troncos renovam-se - duram uns 130 anos em média, mas a raíz é a que já vem do Paleolítico !

Na Ásia, o mais antigo é um belo Cipreste do Irão, com 25 metros de altura, que viu passar impérios e civilizações, e que também teria muito que contar, com os seus 4500 anos de idade - o Sarv-e Abar Khu.

O Sarv-e Abarkhu, a segunda árvore mais antiga no mundo.




segunda-feira, 28 de abril de 2014

Poesia de Graça Moura, 'um ritmo interior, uma parcela do cosmos'



O suporte da música

O suporte da música pode ser a relação
entre um homem e uma mulher, a pauta
dos seus gestos tocando-se, ou dos seus
olhares encontrando-se, ou das suas

vogais adivinhando-se abertas e recíprocas,
ou dos seus obscuros sinais de entendimento,
crescendo como trepadeiras entre eles.
o suporte da música pode ser uma apetência

dos seus ouvidos e do olfacto, de tudo o que se
ramifica entre os timbres, os perfumes,
mas é também um ritmo interior, uma parcela
do cosmos, e eles sabem-no, perpassando

por uns frágeis momentos, concentrado
num ponto minúsculo, intensamente luminoso,
que a música, desvendando-se, desdobra,
entre conhecimento e cúmplice harmonia.



Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

sábado, 26 de abril de 2014

Ostentação czarista de visita a Lisboa


Por estas e por outras é que a Rússia também sofre de uma economia inviável, como nós. Não fabrica nada de topo, nenhum produto-bandeira mundialmente conhecido. O que tem de bom nas lojas, é importado. Mas é perita em gastos sumptuários, e acumulou uma riqueza incálculável de arquitectura, palácios e igrejas, jóias e preciosidades sem fim.


Esta exposição deslumbra, mesmo que reduzida a uma ínfima amostra. Contém ofertas à corte provenientes do Egipto, Turquia e sobretudo Irão, obras de ourivesaria suíça e holandesa. Tudo importado, portanto. É um regalo, se se conseguir abstrair por momentos da desgraça que corria pelo país.


A vitrina mais recheada. 

Corno de búfalo decorado com ouro e pedras preciosas, proveniente da Pérsia na primeira metade do século XVII, e que foi oferta dos Países Baixos.

Relógio calendário e conjunto de escrita (tinteiro e estojo) em ouro, diamantes, rubis e pérolas, Istambul, séc. XVII.

Taça de jade, Istambul, séc. XVII. Ouro, esmeraldas, rubis, safiras.

Caneca de cristal, Istambul, séc. XVII. Rubis, esmeraldas.

Arreios de cavalo para cerimonial.

Escudo de cavaleiro para cerimónia, com o Sol ao centro em raios espiralados de rubis e turquesas.

Chamariz da exposição, este ícone do séc. XVI com moldura de ouro dos séc. XIV e XV (Nossa Senhora da Ermida Barlovskaya).


Curiosamente, esta Rússia virada ao Oriente parece hoje bem mais viável, capaz de prosperar em paz, do que o actual regime pretende, ao disputar território e influência com a Europa / UE. Senhores, deixem em paz a muito europeia Kiev, e tratem de rentabilizar a estepe, a tundra, o ártico, o Baikal, a Mongólia.


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Bem melhor que este meu post está este documento da Gulbenkian , e também a apresentação de slides no site do Público.

No Museu da FCG, até 18 de Maio.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

'Lascia la spina, cogli la rosa', a diva Julia


Neste caso será antes "esquece as fífias, o resto foi magnífico".
Falo do concerto da Lezhneva, claro.

Sala cheia com alguns vazios, palco esplendoroso com o fundo em vidro aberto aos jardins iluminados, uma grande janela sobre os verdes e os pássaros que esvoaçam numa diagonal súbita. Este novo design é genial.

Entra a orquestra, reduzida ao mínimo barroco. Um fagote barroco, de pé, para ajudar o cravo e um pequeno órgão no baixo contínuo, e ainda mais um alaúde atrás da orquestra. Cordas à esquerda, madeiras à direita. Digamos, uma disposição invulgar.


A sonoridade é bonita, macia; a afinação nem sempre, e houve as ditas fífias, grandiosas, no trompete. Lascia la spina. Em compensação, as partes de oboé foram brilhantemente interpretadas.

A jovem diva (quem diria?) Lezhneva entrou vestida de lilás pascal, e foi logo fulgurante, numa ária difícil ('Disserratevi, o porte d'Averno') e brilhantemente cantada que fez irromper longos aplausos. Nos últimos tempos a voz não "cresceu" e certamente já não crescerá mais, falta-lhe riqueza de harmónicos, mas é límpida, elegante e melodiosa, a lembrar Emma Kirkby. O registo agudo só lá muito para cima começa a perder riqueza e flexibilidade.

Depois da primeira parte mais pascal, a segunda desceu à terra em árias da Agrippina, sempre de Handel, com uma Julia Lezhneva de vermelho mais vivo, um pouco mais teatral também, mas não muito - ela é sempre parca de movimentos, podemos concentrar-nos totalmente na vozita 'celestial' que flui com imensa naturalidade mesmo nos trinados barrocos mais floreados, caso do "Come nembo" com que terminou em triunfo.

O único encore concedido à revoada final de aplausos e brav(o)(a)s foi a ária de Handel que aqui usei no título. Um primor - momentos comoventes em pianissimo. 'Cogli la rosa'.



Uma jóia do Oriente, um tesouro digno dos Czares , que moravam ali mesmo ao lado ;) .


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(continua)


domingo, 20 de abril de 2014

Julia Lezhneva na Gulbenkian, já nesta terça.


Já aqui escrevi sobre esta soprano russa, nascida no extremo oriente da Sibéria, e que é uma das melhores vozes no canto barroco da actualidade, com incursões também conseguidas em Mozart e Rossini. A voz tem vindo a ser temperada com a idade, espero ouvi-la menos agreste do que há anos atrás em Ré, embora o seu último CD não seja totalmente convincente.

Na Gulbenkian, vai cantar obras de Handel. Talvez não esta, infelizmente, que aqui fica pela sua beleza e adequação à época pascal:

Handel, "O nox dulcis...", Julia Lezhneva


Aqui um extracto da mesma mas registado ao vivo:


A Lezhneva vem preciosamente acompanhada por uma das orquestras barrocas irrecusáveis, a de Helsínquia, dirigida por Aaapo Häkkinen. Alguma expectativa portanto para ouvir as obras instrumentais de Handel numa interpretação de alto nível.

A acreditar no site da orquestra, será esta a sequência:

• Sonata (Resurrezione, HWV 47) ****
• Disserratevi, o porte d'Averno! (Resurrezione, HWV 47)
• Concerto grosso B-duuri, op. 3/2 (HWV 313) **
• Salve Regina (HWV 241)
• Ouverture (Clori, Tirsi e Fileno, HWV 96)
• Ouverture (HWV 341) *****
• Marche (HWV 416) **
• Sonata (HWV 302b)
• Passacaille (Rodrigo, HWV 5)
• Sonata (Resurrezione, HWV 47)
• Prelude (Agrippina, HWV 6)
• Un pensiero nemico di pace (Trionfo del Tempo e del Disinganno, HWV 46a)
• Ouverture (Agrippina, HWV 6)
• Pensieri, voi mi tormentate (Agrippina, HWV 6)
• Come nembo che fugge col vento (Trionfo del Tempo e del Disinganno, HWV 46a)

Mais aqui .

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E finalmente a visita aos Tesouros do Kremlin e dos Czares do Oriente.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Biblioteca inesperada : 'Betty's Reading Room' em Tingwall


[mais uma reportagem virtual de sítios improváveis]

Tingwall fica nas ilhas Orkney, muito lá para cima, 'depois' da Escócia - talvez lá por onde andou o grego Pytheas à procura da Ultima Thule, mas onde nunca chegaram os romanos. Uma terra de planuras no meio do mar, cobertas de verdura rasteira - as árvores já rareiam - onde são precisas muitas horas de ferry e estrada para chegar a algum foco cultural, mesmo assim periférico.
Tingwall, na Mainland Orkney

Vive-se da pesca e da lã das ovelhas (lindíssimas camisolas). As noites são longas, o Inverno nunca mais acaba. Quando vem o sol, inunda tudo com uma luz de milagre, esplendorosa, azuis e verdes resplandecem por uns instantes, e acaba.




As Orkneys são ilhas de sonho, com pequenas cidades misteriosas como fantasmas de pedra na bruma - Kirkwall, Stromness - e espantosos alinhamentos megalíticos - Brodgar. Quem lá vive sabe o que é solidão. Talvez por isso, muitos foram os que de lá partiram a explorar a América, sobretudo embarcados nos navios da Hudson Bay Co., a companhia de peles, que ali teve um activo entreposto desde 1702 até ao início do século XX.

Stromness, porto de partida para o ártico canadiano.

Bom, já vai longa a introdução. É num sítio assim que aconteceu a Betty's Reading Room.


Num nenhures afastado de tudo, com menos de meia dúzia de casas espalhadas, onde quase só resta um molhe de acostagem para o ferry, alguém que gosta muito de livros escolheu oferecer uma casita - uma cabana - como sala de leitura. Em homenagem a um ser querido, surgiu esta Reading Room que só por si me dá vontade de abalar de malas feitas para as lonjuras orkneyanas.



Podia ser só literatura de aeroporto; mas há Salman Rushdie, Umberto Eco, Graham Greene, Oscar Wilde, Hemingway, Dickens, ... - já não se fica mal.

"The truth has never been of any real value to any human being — it is a symbol for mathematicians and philosophers to pursue. In human relations kindness and lies are worth a thousand truths."
Graham Greene, Heart of the Matter



A Betty’s Reading Room foi parte de uma pequena quinta junto ao cais. Lá morava Betty Prictor, uma professora com amor pelos livros e pela leitura.


Os amigos resolveram manter a memória de Betty, abrindo a público em 2012 esta sala confortável, aquecida no Inverno, onde qualquer um se pode sentar à espera (por vezes longa) do ferry.


E pode levar os livros para acabar de ler.
Please return – eventually.’
Só na Europa - na minha Europa.


''Tingwall” é um nome de origem viking, Thingvöl­lr, que significa "campo da assembleia".  Uma das sagas nórdicas, a Orkneyinga, refere-se a uma reunião do chamado Parlamento Viking neste local em 1174.



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Esta Reading Room refresca-me a admiração pela raça e acende uma luzita de boa esperança.

sábado, 12 de abril de 2014

Marialva, aldeia mágica


Agora que sabe bem um passeio rústico de Primavera, será a melhor altura para falar de Marialva. Descobri-a há já muitos anos, atraído pelo nome. Fica perto do rio Côa das gravuras, numa paisagem ondulante de muita pedra e olivais.


More PowerPoint presentations from Mário Gonçalves

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Durrell, do 'Quarteto' ( I - Justine)


A minha leitura do Quarteto de Alexandria vai avançando a custo, entre páginas brilhantes e outras completamente falhadas, já cheguei ao ponto de passar à frente em diagonal longos diálogos insuportáveis de irrelevância em escrita de amador. As obsessões de Durrell pela sarjeta e por um libertino mau gosto também cansam. Mas quando se trata de descrições, consegue pérolas de escrita como esta descrição do Khamseen, a tempestade de areia:

« No decurso dessa segunda Primavera o Khamsin foi o pior de que eu guardo memória. Antes do poente, o céu do deserto tornava-se castanho, depois ia escurecendo lentamente, entumecia-se como uma face esbofeteada e fazia explodir as franjas das nuvens, gigantescas oitavas de almagre que se acumulavam sobre o delta como cortinas de cinzas debaixo de um vulcão. A cidade contrai-se como preparando-se para enfrentar uma tempestade. Algumas rajadas de vento trazendo esparsas gotas de chuva são as guardas avançadas da obscuridade que apaga o céu. E, impalpável, invisível, na obscuridade das alcovas com as persianas fechadas, a areia invade tudo, aparece, como por magia, nas roupas há muito fechadas nos armários, insinua-se entre as páginas dos livros, deposita-se sobre os quadros e sobre as colheres. Nas fechaduras e debaixo das unhas. O ar soluça, vibra, seca as mucosas e injecta os olhos de sangue. Nuvens de sangue seco percorrem as ruas como profecias; a areia cai sobre o mar como a poeira sobre os caracóis de uma velha cabeleira suja. As canetas de tinta permanente entopem, os lábios estalam e as lâminas das persianas cobrem-se de uma fina película branca como se fosse neve fresca. Os faluchos fantasmagóricos que deslizam no canal são tripulados por lobisomens com a cabeça envolvida em trapos. De vez em quando, uma rabanada de vento estala como uma chicotada, de cima para baixo, faz turbilhonar toda a cidade, e tem-se a impressão de que as árvores, os minaretes, os monumentos e as pessoas são arrastados no derradeiro turbilhão de um tomado gigantesco, levados pelas areias do deserto de onde provieram, regressando ao imenso nada esculpido das planícies infinitas das dunas ..


«That second spring the khamseen was worse than I have ever known it before or since. Before sunrise the skies of the desert turned brown as buckram, and then slowly darkened, swelling like a bruise and at last releasing the outlines of cloud, giant octaves of ochre which massed up from the Delta like the drift of ashes under a volcano. The city has shuttered itself tightly, as if against a gale. A few gusts of air and a thin sour rain are the forerunners of the darkness which blots out the light of the sky. And now unseen in the darkness of shuttered rooms the sand is invading everything, appearing as if by magic in clothes long locked away, books, pictures and teaspoons. In the locks of doors, beneath fingernails. The harsh sobbing air dries the membranes of throats and noses, and makes eyes raw with the configurations of conjunctivitis. Clouds of dried blood walk the streets like prophecies; the sand is settling into the sea like powder into the curls of a stale wig. Choked fountain-pens, dry lips - and along the slats of the Venetian shutters thin white drifts as of young snow. The ghostly feluccas passing along the canal are crewed by ghouls with wrapped heads. From time to time a cracked wind arrives from directly above and stirs the whole city round and round so that one has the illusion that everything - trees, minarets, monuments and people have been caught in the final eddy of some great whirlpool and will pour softly back at last into the desert from which they rose, reverting once more to the anonymous wave-sculptured floor of dunes...»

sábado, 5 de abril de 2014

Brahms, o Nº 1


Na Casa da Música ouviu-se o concerto para piano nº1 de Brahms, uma das obras que levava sem hesitar para a ilha deserta. Entre a intensidade trágica e a orquestração engenhosa do 1º andamento e o suavíssimo e cristalino adagio encontra-se o que de melhor se fez em música neste planeta.

Dirigiu a OSP Lothar Zagrosek, com Herbert Schuch ao piano. Academismo competente, ausência de marca pessoal. Ouviu-se Brahms sem ruído.

De resto, a primeira parte foi dedicada ao Mar, com duas obras menores, La Mer de Debussy, e o Mar calmo e Viagem Próspera de Mendelssohn (Meeresstille und glückliche Fahrt, Op.27).

As minhas gravações de culto para os concertos de Brahms são: Bruno Leonardo Gelber, nos anos 70; Kovacevich, com W. Sawallisch; e a mais recente, de N. Angelich com Paavo Järvi e uma excelente orquestra da rádio de Frankfurt. Há muitas edições no mercado a evitar, pois esta é uma das obras em que se evidenciam diferenças entre uma boa e uma má interpretação.

No youtube, o melhor que se arranja é uma interpretação dirigida por Simon Rattle (excesso de gravitas, lento até mais não), com Kristian Zimerman ao piano; como não permite a inserção (embed), aqui fica só o link:

Adagio do concerto nº 1 para piano de Brahms
Kr. Zimerman (pn), Simon Rattle
https://www.youtube.com/watch?v=RFOfW1H8k7s

quinta-feira, 3 de abril de 2014

'O Sétimo Selo' em revisão maravilhada


«Recordarei este momento. O silêncio, a luz do entardecer, as taças de morangos e de leite, os vossos rostos ao pôr-do-sol. Tentarei nunca esquecer o que dissemos, e levarei esta memória entre as minhas mãos tão cuidadosamente como se fosse uma tijela cheia até à borda de leite fresco.»





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Um poeta, este Bergman. Um optimista.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

As ruínas do pensamento


THE MIND IS AN ANCIENT AND FAMOUS CAPITAL

The mind is a city like London,
Smoky and populous: it is a capital
Like Rome, ruined and eternal,
Marked by the monuments which no one
Now remembers. For the mind, like Rome, contains  
Catacombs, aqueducts, amphitheatres, palaces,
Churches and equestrian statues, fallen, broken or soiled.  
The mind possesses and is possessed by all the ruins  
Of every haunted, hunted generation’s celebration.


Delmore Schwarz