quarta-feira, 13 de abril de 2016

Howard Hodgkin, belos 'abstractos' do século XXI


Nunca vi uma exposição de Howard Hodkin, e infelizmente, porque é cada vez mais difícil encontrar a beleza que para mim é essência da arte, muito mais que 'vida' ('arte é vida'), mal de vivre, angst ou rebeldia. Beleza, sim, é o que faz falta.

Hodkin diz que pinta memórias, estados emocionais, episódios da sua vida, e que as suas obras sugerem, e são abertas a, interpretação. Optando por um abstracionismo 'ímpuro' onde há sempre qualquer coisa reconhecível, constrói janelas de beleza. Janelas, digo eu, porque a maioria das obras está enquadrada, emoldurada, como se nos quisesse oferecer um quadro dentro do quadro - ou uma vista de janela sobre o mundo. No caso de Veneza isso é óbvio, mas não só nesse caso.

É pena mas estou a escrever só sobre fotos de revista e imagens da net. Falta quase tudo, a textura, a pincelada, os cambiantes de luz, a dimensão. Mesmo assim o estilo único de Hodkin transmite, com um uso luxuriante da cor saturada, em estruturas de equilíbrio dinâmico, aquilo que eu mais aprecio na pintura, como na música - harmonia e melodia, narrativa e surpresa, ritmo e complexidade, fantasia e colorido, beleza em suma.


In bed in Venice, 1988

Venice Evening, 1995

Venice Night, 1995

Pourville, 1996

Chez Stamos, 1998

Tears, idle tears, 2001

Come into my Garden, Maud - 2003

Home, Home on the Range - 2007

Uma das que mais gosto, dá para ficar horas a ver:

Where the deer and the antelope play, 2007

Dark Evening, 2011

Moss, 2011

Rain, 2011

Attack, 2012

Green Thoughts, 2014

Howard Hodgkin nasceu em Londres em 1932. O marco mais referido na sua carreira foi em 1995 a série de Venetian Views, a mesma vista de Veneza em horas diferentes do dia. Tem feito exposições e tem obras sobretudo na Tate, mas também na Gagosian de Paris, no MET, MoMA, Ashmolean, Kettle's Yard, Reina Sofia, Barbican, Serpentine, La Caixa... até em Kiev ! Serralves quando ?



2 comentários:

Virginia disse...



Não gosto de todos, ou antes, não descubro Beleza em muitos deles, apenas cores garridas e os títulos nada me dizem. Mas há um que me satisfaz : Tears. Acho-o lindo.
Não conhecia o pintor. Vou ler mais sobre ele.
Obrigada!

Mário R. Gonçalves disse...

Lamento ter desagradado, Virgínia. Mas mantenho. Hodgkin e Anselm Kiefer são nomes da melhor pintura de sempre.