terça-feira, 30 de junho de 2009

Fui às compras

para o Verão. Gasolina para o cérebro, como diz P.P..

Livros:
O Fim do Sr. Y, Scarlett Thomas, Bertrand
Oh What a Paradise it Seems, John Cheever, Vintage
Le Chant du Pluvier, Laprun/Béhé/Surcouf, Delcourt (BD)

CDs:
Maria João Pires, CHOPIN - Sonatas, Mazurcas, Valsas...
Ph. Herreweghe/Collegium Vocale de Ghent, J.S.BACH-cantatas BWV 22,23,127,159

DVD:
O Leitor (The Reader), Stephen Baldry
Renée Fleming, Sacred Songs

Para Julho , há-de bastar. O espaço em casa já é pouco, já transbordam livros para sítios impróprios...

Ah, a viagenzita de Julho é aos Açœures, São Miguel.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ler e Reler: Um Outro Mar

Um Outro Mar , de Claudio Magris

História de uma vida que se desfaz em nada. Imagens de terras longínquas, amplos espaços, o vasto oceano, travessias, culturas diversas, roteiro sem retorno.

Sobretudo a presença do mar – o mar próximo, confinado, conhecido, e depois outro – o grande oceano, incógnito, o “outro mar”.
Numa prosa fascinante, imprevisível e invulgar, Magris conta a vida de Enrico Mreule, jovem intelectual do Adriático, e dois amigos seus que discutiam filosofia nos cafés.
Uma evasão para a Patagónia; os amplos espaços da pampa argentina, de uma profunda solidão – também “outro mar”, uma natureza dos confins, grandiosa mas desolada.
Uma existência que se consome numa ânsia de despojamento tendo por fundo o mar, com a sua atracção e o seu vazio.
Inquietante e Perturbador.


Claudio Magris

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A medusa que alcançou a vida eterna

É verdade: renasce eternamente. Claro que pode ser morta por causas externas. Mas não morre naturalmente - cresce, amadurece, rejuvenesce, cresce, amadurece, rejuvenesce... O mito realizado na perfeição, no eterno retorno à juventude, sem elixir nem Calypso, quem pode desejar melhor ? A felizarda é a medusa Turritopsis nutricula , que realiza parte da sua vida como coral, e parte como medusa! Durante cada ciclo de vida, começa como colónia de pólipos (coral) , e depois muda para uma solitária e flutuante medusa. O espantoso é que consegue reverter para pólipo de novo , depois de atingir a maturidade sexual ! e assim sucessivamente...

fase medusa

fase pólipo

A mudança dá-se através da transdiferenciação celular, um processo raro em que uma célula ou um sistema de células se tranforma em células diferentes, com código genético diferente. Imaginam o que pode vir daí se o processo vier a ser controlado artificialmente ?

A Turritopsis nutricula tem apenas 4 ou 5 milímetros, vê-se com dificuldade.

Adaptado do blog

domingo, 21 de junho de 2009

Verão


"Summer afternoon - Summer afternoon... the two most beautiful words in the English language."
Henry James

Os Mares Infinitos

As if the Sea should part

As if the Sea should part
And show a further Sea—
And that—a further—and the Three
But a presumption be—

Of Periods of Seas—
Unvisited of Shores—
Themselves the Verge of Seas to be—
Eternity—is Those—

Emily Dickinson
Como se o Mar se abrisse
Mostrando outro Mar –
E este – ainda outro – e os três
Só uma antecipação –

De Períodos de outros Mares –
De Praias não visitados –
Também elas na Origem de Mares vindouros–
A Eternidade – são Esses –

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ralf Dahrendorf - o liberal não alinhado


Faleceu Ralf Dahrendorf, sociólogo alemão, nascido em 1929, deputado no Reino Unido, onde residia. A 11 de Julho de 2007 foi galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias de Ciências Sociais.


A hipótese de Dahrendorf estabelece que a diversidade é desejável nas políticas económicas, diversidade no espaço e no tempo de acordo com as necessidades locais.

Dahrendorf argumenta que as sociedades são diferentes umas das outras, e um conjunto único de políticas não estará bem adaptado a todas elas. Dahrendorf opõe-se a perspectivas tradicionais que de alguma forma implicam que um só sistema de políticas económicas deveria ser implementado globalmente.

O "liberalismo" de Dahrendorf está aberto à mudança, mas respeita a tradição; favorece a escolha individual, mas está contra o individualismo exacerbado; está do lado dos mercados livres e da propriedade privada, mas opõe-se à destruição do "terceiro sector", que o autor encara como indispensável a uma sociedade civil forte.


Dahrendorf apresenta-se como "um intelectual que continua a querer convencer os outros da "singularidade da verdade", sem confiar em ninguém que afirme possuí-la" .

“Democracia é o que permite substituir os que estão no poder sem uso de violência.”

“A Democracia é um conjunto de instituições destinadas a dar legitimidade ao exercício do poder, dando uma resposta coerente às seguintes três questões:
• Como efectuar mudanças sociais sem violência?
• Como, através de sistemas de verificaçõe e equilíbrios, podemos controlar os que estão no poder de forma a garantir segurança contra o seu abuso?
• Como pode o povo – todos os cidadãos – ter uma voz no exercício do poder?"

A Definition of Democracy, Journal of Democracy

quarta-feira, 17 de junho de 2009

O meu hi fi para o séc XXI

Ainda nos anos (19)80, comecei a fazer asneiras com sistemas Hifi - sucessivos upgrades, agora era uma cabozinho que fazia milagres, depois era uma coluna que reduzia a concorrência a obsoleta, etc... lá fui melhorando e gastando economias...

Agora está tudo parado a acumular pó. CDs,vão para o laptop; junto com radio e youtube, sai tudo por este Tivoli Audio pequenino, barato, mas de som cheio e distorção quase nula, que não ocupa espaço e até se pode transportar facilmente.

Quanto à "profundidade e largura do palco", ao "realismo das vozes" e à "focagem perfeita dos instrumentos", who cares ? Small is beautiful, e o que conta não é a tecnologia - é o prazer de ouvir.

NOTA : não sou accionista nem agente da Tivoli...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Novo blog sobre Mahler

Na sequência da febre mahleriana que além-alântico já atingiu o grau 6 de pandemia :-), aqui se dá a conhecer um promissor blog muito exclusivo:

http://www.universaledition.com/mahler/

Deixo também dois momentos superlativos da 2ª sinfonia (aquela a que mais vezes regresso) com Von Otter e a Sinfónica da Cidade de Birmingham dirigida por Simon Rattle; by the way, excelente qualidade sonora!

1 - o "Urlicht", 2º andamento:




2 - O imenso, cósmico Finale do 5º andamento


segunda-feira, 15 de junho de 2009

o Bing

O novo motor de busca da Microsoft, Bing , não é nada pior que o Google, embora também não seja nada...melhor. Com um algoritmo de busca diferente, os resultados são quase equivalentes, uns furos acima do Yahoo.

Um teste disponível online, o BlindSearch (http://mashable.com/2009/06/07/blindsearch/) permite comparar a performance dos 3 motores de busca; as diferenças são de facto mínimas, com os melhores resultados ora do Google, ora do Bing.

Na prática, o Google continua a liderar com 44%, o Bing vem em segundo com 32% e depois o Yahoo com 24%. Já não se pode falar de domínio arrasador, e a tendência deverá ser de maior equilíbrio.

Conclusão: se o Google não der grande coisa numa busca, mais vale ir espreitar a concorrência...

Festival Via Stellae - Galiza

Recordo que já abriu a venda de bilhetes avulso online neste sítio da Caixa Galicia.

O programa em pdf está disponível no site do festival.

Os preços são muito acessíveis e há sessões imperdíveis, aqui tão perto...

domingo, 14 de junho de 2009

Andorinha do Mar

Mais um post atípico.

Se há bicho que me seja simpático, é a andorinha -do-ártico, cujo parente mais próximo na nossa costa é a mais pequena andorinha-do-mar (sterna albifrons) .

Ora uma colónia destas aves está em perigo na Praia de Faro, por causa dos motoqueiros quads das dunas na zona da Barrinha. Acontece que é uma espécie protegida e a área é de reserva...

A andorinha-do-mar é uma espécie migradora, cuja população percorre duas vezes por ano o longo trajecto entre as zonas de invernada, na costa ocidental africana, e as áreas de nidificação, nas costas europeias.

É relativamente fácil observá-la em diversos locais da costa portuguesa: no litoral algarvio, nos estuários do Tejo e do Sado, na Ria de Aveiro.

"An animal to represent the planet", an excellent candidate as symbolic animal of the world, the arctic tern (Sterna paradisaea)

Postei no meu blog Ultima Thule:

Links:

sábado, 13 de junho de 2009

Poesia e Astronomia


O Stars and Dreams and Gentle Night;
O Night and Stars return!
And hide me from the hostile light
That does not warm, but burn

That drains the blood of suffering men;
Drinks tears, instead of dew;
Let me sleep through his blinding reign,
And only wake with you!

Stars de Emily Bronte


Ó Estrelas e Sonhos e Gentil Noite;
Ó Noite e Estrelas, voltai!
E escondam-me dessa luz hostil
Que não aquece, mas queima

Que seca o sangue dos homens infelizes
E bebe lágrimas em vez de orvalho;
Deixem-me dormir enquanto o seu reino cega,
E só acordar convosco!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ezra Pound sobre os clássicos na América

Cantico del Sole

The thought of what America would be like
If the Classics had a wide circulation
........Troubles my sleep,
The thought of what America,
The thought of what America,
The thought of what America would be like
If the Classics had a wide circulation
........Troubles my sleep.

Nunc dimittis, now lettest thou thy servant,
Now lettest thou thy servant
........Depart in peace.

The thought of what America,
The thought of what America,
The thought of what America would be like
If the Classics had a wide circulation...
........Oh well!
........It troubles my sleep.

A ideia do que a América poderia ser se os Clássicos tivessem maior divulgação...perturba o meu sono.

com os meus agradecimentos a Carlos Pires

segunda-feira, 8 de junho de 2009


Onde é isto possível, par toutatis ? Que país, que terra, quem pode fazer um graffiti destes?

Pois é: Canadá, Toronto. Tem havido pela América do Norte uma febre Mahler - centenas de concertos, não exagero, e público entusiástico.
E se a moda pega ? Vou comprar um spray e começar:

Schumann

Borges

Vermeer

Pessoa

my comment on european elections


domingo, 7 de junho de 2009

Raízes do Pós-modernismo

Do excelente blog “De Rerum Natura”:

«Estamos no final da era da razão […]. Um novo período de explicação mágica do mundo está a nascer, uma explicação baseada mais na vontade do que no conhecimento. Não há verdade, nem no sentido moral nem científico […]. A ciência é um fenómeno social e, como tal, é delimitada pelos benefícios e malefícios que possa causar.

Aquilo que se chama crise da ciência não é mais do que esses senhores estarem a começar a ver por si mesmos o caminho errado a que foram conduzidos pela sua objectividade e pela sua autonomia
».

Estas palavras, de tom apelativamente pós-moderno, são de Adolfo Hitler e quem no-las recorda é Gerald Holton, no livro "A cultura científica e os seus inimigos", publicado entre nós pela Gradiva em 1998. Holton enquandra-as do seguinte modo (página 46):

“Uma parte da ideologia associada à ciência ariana era claro, a de que a ciência é, como agora dizem, basicamente uma construção social, de modo que a herança racial do observador «afecta directamente a perspectiva do seu trabalho». Cientistas de raças indesejáveis, portanto não serviam; de preferência, deviam ser ouvidos apenas aqueles que estivessem em harmonia com as massas, o Volk. Mais ainda, esta visão völkisch encorajou o uso de não especialistas, ideologicamente seleccionados, como participantes em apreciações de assuntos técnicos (…). O carácter internacional dos mecanismos de consenso utilizados para chegar a acordo em questões científicas era também detestável para os ideólogos nazis. O materialismo mecanicista (…) devia ser banido da ciência e a física teria de ser reinterpretada como dizendo respeito ao espírito, e não à matéria. «Os aderentes à física ariana baniram assim da ciência a objectividade e o internacionalismo. […] A objectividade em ciência era meramente um slogan inventado por professores para proteger os seus interesses”.

Em dia de votações europeias, compreendamos melhor a história das idéias na Europa e das suas trágicas consequências, para não nos deixarmos levar de novo por ladainhas socio-misticistas que pululam nos meios intelectuais e de comunicação. Sobretudo, desconfiar de "novos paradigmas", eufemismo frequente para vigarice e prenúncio de ataque ao saber científico.

Mário

sábado, 6 de junho de 2009

Joyce DiDonato - uma lição de canto

Cada vez mais me convence, esta mezzo-soprano ! Além de uma voz limpa, bonita, potente e ágil que bate aos pontos Netrebkos, Bartolis e Kasarovas , Joyce é uma mulher do palco, com espantosa capacidade comunicativa e expressividade.

Uma entusiástica sessão de canto :


Joyce DiDonato & Renée Fleming - Ah, guarda sorella
Mozart, "Così fan tutte"
Metropolitan Opera Orchestra NY



No mesmo concerto, agora a solo:
Joyce DiDonato - Una voce poco fa
Rossini, “Il barbiere di Siviglia”


E agora a mesma, no palco de ópera, que maravilha!
Joyce DiDonato "Una voce poco fa "
Rossini, “Il barbiere di Siviglia”



Di Donato aclamada no Teatro Rossini de Pesaro, Agosto de 2008:


Excerto de uma entrevista (expressamente para o Alberto Velez Grilo!):

Q. How was the working situation in Pesaro? How different is it from working for other theaters?

R: It’s actually quite lovely - I think the main difference is that the beach is so close! But the atmosphere is a lovely combination of very serious work and a near “vacation” feeling, so everyone is mostly relaxed and enjoying great food and sun!

De
http://livingattheopera.com/blog/2008/09/27/commentary-on-joyce-di-donatos-malibran-concert-at-the-rossini-opera-festival-in-pesaro-on-august-19th-2008/

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dois Haikai


Um susto matinal:
na caixa do correio,
duas mariposas!

Paulo Franchetti



Hoje não me alegram
as amendoeiras do horto.
De ti me recordam.

Jorge Luis Borges

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ano Haydn II : uma Criação assim-assim

No domingo houve de novo Haydn na Casa, desta vez com a oratória Die Schöpfung. Obra de quase 2h, algo cansativa para os músicos, foi uma execução cansada que se apresentou. Nada "da época", sobre o lento, com uma secção de metais aflitiva, solistas medianos e uma direcção tão exagerada em gestos como falha em conseguir resposta entusiástica, foi uma noite assim-assim, com casa a abarrotar e longa ovação (o "team" era português...). Os duetos foram o melhor, cantados com visível empenho.

Algo desgostoso, aqui deixo algo de mais reconfortante:

a maravilhosa Emma Kirkby "da época", com Michael George, dirigidos por Hogwood com a muito "da época" Academy of Ancient Music. Melhor só Harnoncourt.


Dueto de Adão e Eva, "Graceful consort !", da oratória "Die Schöpfung" de Haydn

(versão inglesa)





Adam

Graceful consort! At thy side
softly fly the golden hours.
Ev'ry moment brings new rapture,
ev'ry care is put to rest.

Eve

Spouse adored! At thy side
purest joys o'erflow the heart.
Life and all I am is thine;
my reward thy love shall be.