sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Pausa em Guimarães


Uns dias sem publicar, é quase certo. Mini-estada em Guimarães para sair de casa, mudar de ares , encontrar amigos. Espreitar o concerto de Neil Hannon, um songwriter diferente. Rever o centro histórico recuperado, fazer compras de Natal...


Bom fim-de-semana (parece que vai estar , só depois volta).

domingo, 21 de novembro de 2010

Destaques Casa da Música para 2011


12 FEVEREIRO
OSP, Joseph Swensen
Gustav Mahler, Sinfonia nº 4

Porquê: A OSP anda a tocar bem Mahler (até foi aplaudida em Viena); a 4ª é a mais feliz das sinfonias, com uma ária imperdível, e Swensen é bom director (já o ouvi).

26 MARÇO
BRAD MEHLDAU E ANNE SOFIE VON OTTER

ciclo de canções "Love Songs". Para além das canções de Mehldau, o duo tem interpretado peças de autores como Jacques Brel, Léo Ferré, Michel Legrand, Paul McCartney e Joni Mitchell.

Porquê: pianista e soprano de alto nível a cantar canções "ligeiras", talvez um dos pontos altos da programação, a esgotar rapidamente.


16 ABRIL 2011
Brahms, UM REQUIEM ALEMÃO
OSP,CORO CASA DA MÚSICA
Christoph König

Porquê: Uma das melhores obras de Brahms e de todo o romantismo. Empolgante, coros belíssimos. Não se ouve muitas vezes...e König garante a direcção.

20 MAIO
VARIAÇÕES AMERICANAS
OSP, Alexander Shelley
Peter Jablonski piano

Aaron Copland - Appalachian Spring
George Gershwin - Concerto para piano e orquestra; Variações de I Got Rhythm
John Adams - City Noir

Porquê: este ano é o tema da Casa, a música americana. O concerto de Gershwin é festivo e contagiante, a obra de Copland muito bonita e nunca a ouvi ao vivo. "City Noir" do Adams não conheço, mas é um risco interessante.

17 JUNHO
OSP,Christoph König
Mahler, Sinfonia nº 5

Porque sim!

29 OUTUBRO
OSP, vários COROS
Christoph König
Mahler, sinfonia nº 8

1º) A Casa vem abaixo, 2º) nunca ouvi ao vivo!

5 NOVEMBRO
SONATORI DE LA GIOIOSA MARCA
Giuliano Carmignola, violino e direcção

Henry Purcell - Abertura Z772; Pavana Z752; ChacconaZ730; Fantasia Z731; Suite Z770.
Antonio Vivaldi - Concertos L'amoroso RV271, Il Sospetto RV199, L'inquietudine RV234 e Il piacere RV180.

Porquê: para quem gosta de musica barroca, deve ser uma festa. Os intérpretes são do melhor que há, muito alegres (gioiosi), tocam de pé...

11 NOVEMBRO
FREIBURGER BAROCKORCHESTER
Bach, suites orquestrais

Porquê: Bach, excelência da orquestra.

21 DEZEMBRO
REMIX ENSEMBLE, Peter Rundel
ORQUESTRA BARROCA CASA DA MÚSICA, Andrew Parrott

J.S. Bach
Concerto Brandenburguês nº 3, BWV 1048;
Cantata nº 82 "Ich habe genung"

Porquê: por Parrott, que dá garantias, pela ária "Schlummert Ein", uma das mais belas de Bach.

23 ABRIL

PATRICIA BARBER

do programa:

"lugar de destaque entre as vozes do jazz actual. Revelou-se uma pioneira logo no seu primeiro álbum, em 1992, ao gravar uma canção pop contemporânea quando mais ninguém o fazia no jazz. A originalidade de Barber encontra-se não só na voz escura de contralto e no carácter introspectivo que imprime às suas interpretações, mas muito especialmente na sua veia enquanto compositora de canções, onde aposta no risco e inovação. O programa do concerto que traz à Casa da Música inclui algumas das canções de Cole Porter que deram forma ao seu álbum The Cole Porter Mix, em 2008."

Tenho vários discos dela, de que gosto muito.

sábado, 20 de novembro de 2010

Amazónica fornada ( e não só)

Chegaram as encomendas de Novembro:


CD1
Stabat Mater de Rossini, dir. Pappano

Esplendorosa sonoridade, Pappano e o coro convencem; magnífico Quis est Homo, e Joyce DiDonato....

CD 2

Domenico Zipoli , Musica Sacra de las Missiones (já "postei" aqui)

CD3
David Fray - Concertos para piano de Bach, c/ orq. câmara Bremen
O prazer de redescoberta, em pura alegria e meticulosa atenção ao detalhe, de uma obra escrita para cravo. Dei notícia e trailer aqui.

DVD1
Contos de Hoffman, Powells e Pressburger


Clássico em deslumbrante Tecnihcolor

DVD2
Bright Star / Estrela Cintilante , de Jane Campion


Filme a ver repetidamente.

Livros

O Livro dos Saberes, Constantin von Barlowen

Testemunhos de sabedoria variada, muito para pensar.


Contos da sétima esfera, Mário de Carvalho


Para leitura de cabeceira.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

David Daniels - Schlummert ein

Ora aqui está algo que Andreas Scholl nunca conseguiria!

Enquanto Scholl está cada vez mais mortiço e inexpressivo, Daniels tem um domínio de voz e riqueza tímbrica cada vez mais impressionantes e vibrantes de vitalidade.


David Daniels - Bach: "Schlummert ein"

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

faleceu Górecki (1933 - 2010)

Henryk Gorecki, nascido em Czernica, na Silésia, Polónia, em 1933, foi um dos grandes compositores da segunda metade do séc XX. O seu trabalho notável com a London Sinfonietta e o Kronos Quartet, depois da sua demissão de professor de música em Katowice por oposição ao regime, ficará como o seu melhor legado.

Tendo começado ao estilo modernista comum na época, na linha de Bartók e Webern, adoptou mais tarde uma linguagem mais minimalista e ao mesmo tempo contemplativa e mística, numa linha próxima de Arvo Part.

Depois da famosa e muito ouvida Sinfonia nº 3, deixa uma 4ª sinfonia acabada mas ainda não estreada.

Henryk Mikołaj Górecki
Nº. 1 de "Três peças ao estilo antigo"


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Vilarinho Seco

Quando recentemente atravessava a serra de Alturas do Barroso deparei-me, quase ao fim do planalto, com a surpreendente aldeia de Vilarinho Seco.

Boca aberta de espanto, julguei estar num cenário de filme. E de facto andavam por lá uns holandeses (quem mais?) a filmar. Já à entrada umas casa com tecto de colmo e umas senhoras idosas trajadas a preto, chapéu incluído, compunham um quadro de décadas atrás.

Mais adiante, o centro: um largo com o tanque do gado, o cruzeiro, a capela, uma passagem sob arco, um relógio de sol, pináculos, escadarias, alfaias...

Junto ao curso de água, espigueiros e um belo moínho de água.

O chamado Moinho do Porto é um dos mais curiosos da região: de forma elegante, rematado pela pequena escadaria que lhe serve de acesso.

Provavelmente uma das nossas mais belas e fascinantes aldeias históricas.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Bela ISS


À sua maneira bela, sim. Foi composta, como uma sinfonia, tem texturas e dinâmicas, como um quadro, e habitam-na várias personagens, como num romance. Baila no espaço, como no 2001 de Kubrik, e é obra eternamente inacabada, como arte moderna que se preze.


Pode não ser muito útil - é arte, pois. Pode ter sido caríssima - como a Casa da Música...

Mas é arte acima de tudo porque é orgulho do Homem e me dá imenso prazer que exista, testemunho mais avançado da civilização, como um farol, a dizer - vejam só onde já chegamos, nós, as formiguinhas lá de baixo.

Fez 10 anos, tem mais outros tantos pela frente. Parabéns. Para bem.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

um post feio

ainda sobre fealdade humana:


Todas as manhãs de semana, não chovendo, vou ao jornal na tabacaria do bairro. Pelo caminho passo na esquina da Associação Recreativa, onde invariavelmente estão 3 ou 4 homens na rua a fumar, um ou outro poderá ter uma superbock na mão, a outra mão no bolso.

Todos os dias os fragmentos de conversa que ouço são variantes da mesma frase, com 95% de "puta que pariu", "caralho", "merda" e "foder".
Exemplo típico: "Puta que pariu aquela merda, se fosse eu ia lá e fodia aqueles caralhos todos!".

Devo dizer que se pode encontrar alguma poesia nestas frases, abundantes em metáforas, em criativos paradoxos e, digamos, com uma rítmica muito própria.

Imaginemos por momentos que se tratava de ir a PyongYang depor a ditadura do Supremo Líder Kim Jong-il ; a frase torna-se automaticamente simpática!

Mas não: trata-se sempre de futebol (lá se vai a poesia toda).

Eu sei que há muita fealdade entre ricos e poderosos, corruptos e tiranos, aristocratas e bem-falantes: esses estão lá longe, não fazem parte do meu mundo, posso até ignorá-los, não passo por eles à esquina todos os dias.

Mas este grupo, feio, feio, (sem culpa, vítima, mas feio), cria em mim uma misantropia tão forte que me apetece ir a correr abraçar a primeira árvore.