quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Schubert, n. 31 de Janeiro de 1797


An die Musik D 547
Ian Bostridge, tenor
Julius Drake, piano


Du holde Kunst, in wieviel grauen Stunden, 
Wo mich des Lebens wilder Kreis umstrickt, 
Hast du mein Herz zu warmer Lieb entzunden, 
Hast mich in eine beßre Welt entrückt! 

O gracious Art, in how many grey hours 
When life's fierce orbit encompassed me, 
Have you kindled my heart to warm love, 
And charmed me into a better world!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dois poemas de Cortázar



Ahora escribo pájaros.
No los veo venir, no los elijo,
de golpe están ahí, son esto,
una bandada de palabras
posándose una a una
en los alambres de la página,
chirriando, picoteando, lluvia de alas
y yo sin pan que darles, solamente
dejándolos venir. Tal vez
sea eso un árbol
o tal vez
el amor.


Julio Cortázar



Mira, no pido mucho,
solamente tu mano, tenerla
como un sapito que duerme así contento.
Necesito esa puerta que me dabas
para entrar a tu mundo, ese trocito
de azúcar verde, de redondo alegre.
¿No me prestas tu mano en esta noche
de fin de año de lechuzas roncas?
No puedes, por razones técnicas. Entonces
la tramo en el aire, urdiendo cada dedo,
el durazno sedoso de la palma
y el dorso, ese país de azules árboles.
Así la tomo y la sostengo, como
si de ello dependiera
muchísimo del mundo,
la sucesión de las cuatro estaciones,
el canto de los gallos, el amor de los hombres.


Julio Cortázar

sábado, 26 de janeiro de 2013

Swensen em sintonia com Dvorak

Joseph Swensen nunca me convenceu das vezes que o ouvi dirigir a OSP na Casa da Música. Gosta de fazer fluir a música, sim, como um rio de planície, sem acidentes de percurso. Detesta salientar dinâmicas ou aproximar-se das interpretações "h.i.", evita arriscar ou revelar.

Assim era, assim foi com Mozart. Ontem, na primeira parte, tivemos um Mozart quase académico, polido e muito "clássico". Mesmo assim, o Swensen-violinista é mais expressivo que o Swensen-maestro e acabou por conseguir uma bela interpretação do nº3 de Mozart, com muita vida e poucas falhas técnicas. Surpresa: ao violino, portou-se como uma "estrela" em palco, dando autênticos passos de dança !

Mas a surpresa maior estava para vir na segunda parte: Dvorak parece ser o terreno preferido de Swensen. Magnífica 8ª sinfonia ! Plena de detalhe e dinâmicas sem perda da fluência, foi um gosto assistir à OSP assim dirigida, a dar o melhor numa sinfonia que nunca ouvirei mais bem tocada. As múltiplas melodias e os jogos entre secções da orquestra foram revelados com a devida ênfase e dimensionalidade, este Dvorak é mesmo genial - mais que na Novo Mundo - e Joseph Swensen está de parabéns. Assim deixe de inserir Mozart na programação.

Ao fim, apetecia cantar todos aqueles temas que ficaram no ar.

Com Karajan, era assim:

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Pur ti miro: a beleza da voz

Poucas obras dão um arrepio tão forte com a audição da voz humana cantando. Pur Ti Miro, uma ária de L'Incoronazione di Poppea de Monteverdi, são 4 a 5 minutos sublimes de arte vocal. Vale a pena ouvir várias interpretações, tão diferentes conforme quem canta, quem dirige, quem encena.

Um par insuperável nesta aria-duetto de Monteverdi:
Danielle de Niese e Philippre Jaroussky
Foi em Espanha, Teatro Real, 2010


A versão de Harnoncourt (1974), a primeira integral com instrumentos de época:
com Rachel Yakar e Eric Tappy, já lá vão quase 40 anos !...


Outra versão vocalmente fenomenal:
Mireille Dunsch e Anne Sophie von Otter
Festival de Aix-en Provence, 1999


René Jacobs (1990) não é para todos os gostos:
Patricia Schumann e Richard Croft



De novo Jaroussky mas com Nuria Real (2009)
Uma versão incrível do grupo Arpeggiata, com introdução instrumental. Autenticidade radical ?


Pur ti miro,
Pur ti godo,
Pur ti stringo,
Pur t'annodo,
Più non peno,
Più non moro,
O mia vita, o mi tesoro.

Io son tua...
Tuo son io...
Speme mia,
dillo, dì,
Tu sei pur,
speme mia
L'idol mio, dillo, dì,
Tu sei pur,
Sì, mio ben,
Sì, mio cor,
mia vita, sì.

(da capo)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A Europa e a música - um mapa britânico

Ressalva: sendo resultado da contagem de citações de compositores preferidos por nacionalidade, feita pela ClassicFm entre o seu auditório, este mapa é tudo menos imparcial. Mesmo assim não resisto a publicá-lo.


Saltam à vista as potências musicais e os países periféricos na música. Podemos estranhar que a Itália não seja mais citada do que a fortissima Rússia, em 2º com o Reino Unido, mas não admira a supremacia alemã e a nulidade portuguesa (bem acompanhada por Holanda, Dinamarca, Suécia, e os PIIGS, mais uma vez)

Um só nome (Sibelius, Grieg) garante à Finlândia e à Noruega um lugar honroso.  A Estónia safa-se certamente com Arvo Pärt. Já o caso checo é difícil de entender: Smetana e Dvorak não lhe davam cor tão intensa: será que Mahler foi considerado Checo? Só faltava.

Indignado, mesmo, fiquei com a côr do Lichtenstein. Estão doidos?

E donde virá a paixão russa dos ingleses ?

sábado, 19 de janeiro de 2013

Sopram os ventos de inverno

Sempre gostei muito desta curta evocação do Inverno.
A voz única de Sandy Denny:

Estreia da temporada na CM

Luba Orgonasova foi a estrela da noite no arranque do ano Itália da Casa da Música. A dicção não é perfeita, houve algum exibicionismo de agudos prolongados a pedir bravo, liberdades a mais, mas foi uma soprano competente, com uma voz grande e capaz. Interpretou árias de Verdi e Bellini e emocionou a plateia com o encore, 'O mio babbino caro'.

Infelizmente, como agora é costume, o programa fintava os espectadores obrigando-os a assistir alternadamente a coisas execráveis como uns pechisbeques de Berio, de mau gosto e nula inspiração, lixo acústico sugerindo o ruído industrial. Entremearam o romantismo italiano com miniaturas (2 a 5 minutos) de Berio. Não faz nenhum sentido - o que faria sentido era juntar essa ganga toda depois de um intervalo para debandada.

Sempre me irritou essa mania de impingir à força, educar à força. Era essa a filosofia nos terminados regimes socialistas, e não deixa de ter piada que Berio era um assumido militante comunista - daí o recurso icónico à industrialização, referência da classe operária. Mas a atitude do Grande Educador agora descobriu uma estratégia revisionista: inserir, como quem apenas sugere, essas "coisas" ruidosas no meio da música.

Não é por desconhecimento meu -  em tempos tentei ouvir não só Berio, mas Nunes, Cage, Stockhausen, sei lá quem mais, há CDs disponíveis. Só que ouvi e NÃO GOSTEI.

Façam a programação de concertos exclusivos só-Berio para a meia dúzia de aficionados, pronto.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Um romance de Dvorak para dias de chuva

Muito bem escrita, esta pequena peça de Dvorak para violino e orquestra; embora não pareça de grande dificuldade técnica, é bonita e respira espírito eslavo. A execução da Filarmónica da Eslovénia com a solista Tanja Sonc é perfeita.

Antonin Dvořák:
Romance para Violino e Orquestra, Tanja Sonc (vl)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Post do Ártico: Belushya Guba, quem ouviu falar ?


Prosseguindo com o tema "os extremos da Europa", como os já referidos  Kazan a leste nos Urais ou Longyearbyen a norte nas ilhas Svalbard, vamos agora para uma terra do longínquo nordeste europeu que é quase incognita. Belushya Guba é o centro urbano mais importante de uma ilha com 90 000 km2 (o tamanho de Portugal). A ilha chama-se Novaya Zemlya (Terra Nova em russo) e fica no Ártico siberiano; o curioso é que, sendo uma extensão dos Urais, ainda pertence à Europa!


De facto, é mesmo o extremo nordeste da Europa:


Novaya Zemlya não é uma ilha mas um arquipélago, constituído por duas ilhas separadas por um estreito canal, navegável quando o mar degela - o Matochkin Shar.
A poente, é o Mar de Barents; a leste, o Mar de Kara. Ambos gelam no inverno, prolongando no mar a calote gelada que cobre as ilhas.

Belushya Guba foi fundada em 1895, ainda na época da caça à baleia. Mas entrou para a História em 1954, quando os russos decidiram usar Novaya Zemlya como sítio de testes para bombas atómicas. Passou a ser  nessa altura um feio aglomerado de blocos militares ( e eram muitos os que serviam na base e no aeroporto próximo, Rogachevo). Desde o fim da guerra fria, semi-abandonada, foi decaindo tornando-se um tenebroso desterro para militares.

Agora, pintados os feios blocos de cores vivas, a escola (re)construída, ...

... as ruas repavimentadas, Belushya Guba parece outra coisa. Tem lojas, mercado, hospital e clínicas, cabeleireiro, hotéis, piscina e ATM


E uma igreja, claro.
"Restyling" à maneira russa: a nova igreja ortodoxa.


Os dois ícones da Rússia, a igreja ortodoxa e a estátua de Lenine, num frente-e-frente desafiador.

Belushya GubaNovaya Zemlya
Coordenadas: 71.5° N, 52.3° E
População: ~ 2000


A cidade ainda continua a ser maioritariamente habitada por militares e suas famílias, mas agora é o petróleo e os minérios que estão na mira, sobretudo porque as rotas cada vez mais acessíveis do Ártico começam a ser rentáveis.

Parque infantil da nova escola.

Novo estilo de vida, alguma democracia e bem estar.


Equipada com uma escola para 560 alunos, infantário, novos apartamentos, dois hotéis, lojas e cabeleireiro, estúdio de fotografia, hospital com 200 camas, uma clínica, um pavilhão desportivo com piscina olímpica e talvez mais, Belushya Guba já não é exactamente um buraco no fim do mundo.
O melhor edifício é a Casa dos Oficiais

No Verão, as temperaturas variam entre −12 °C  e +10 °C - podia ser pior, mas as tempestades e a longa noite invernal são terríveis.



Auroras Boreais
Aurora sobre Belushya

Como fica a norte do Círculo Polar, o fenómeno das auroras é frequente:



A beleza de Novaya Zemlya

Novaya Zemlya ficou tristemente célebre como local de testes de bombas nucleares durante a guerra fria; foi lá que os soviéticos fizeram rebentar a maior bomba de todos os tempos - a "Tsar bomba", em 1961. Actualmente, isso "passou à História": a ilha começa a ser cada vez mais visitada por cruzeiros turísticos. E não admira:

Glaciar, no golfo de Inostrantseva, na costa norte.

O estreito de Matochkin

Capela em Matochkin

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O norte da Sibéria foi durante séculas uma zona mártir - abandonada, usada para trabalhos forçados nos Gulags, povoada de tribos nómadas deixadas na miséria, salpicada de feias cidades industriais (*) que eram (e são ainda) pesadelos monstruosos, para onde se degredavam os camponeses e pastores convertidos pela força à vida desumana em fábricas imensas, muitas hoje em ruínas. Acrescem casos como este, de um local antes habitado pelas tribos Nenets, que foram desalojadas quando começou o programa atómico.

A comunidade Nenets de Matochkin Shar

Tyko Vylka , um artista Nenets, retratou a vida da sua tribo antes de ser desterrada para a Sibéria.


Cabo Zhelaniya76° 57′ N, 68° 34′ E.

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 (*) uma dessas horrendas é Norilsk, capital mundial do níquel, que a Euronews não se envergonha de publicitar.



sábado, 12 de janeiro de 2013

Rádio clássica vanuit Nederland

Para quem como eu gosta da boa companhia de música enquanto trabalha, a ClassicFM holandesa é bem melhor que a inglesa - melhor qualidade de som, menos conversa e anúncios (só na hora certa das notícias), melhor identificação das obras. Desagradável, só mesmo a língua(Pardon).

http://www.classicfm.nl/luister/classic-fm

Exemplo de programação:

22:00 1:36
L'Orfeo - Toccata
Emmanuelle Haïm - Le Concert d'Astrée
Virgin Veritas 5 45642 2
22:02 4:27
De schilderijententoonstelling (4)
Mariss Jansons - Koninklijk Concertgebouw Orkest
RCO Live RCO 09004
22:06 3:38
Moonlight Serenade
De 12 Cellisten van de Berliner Philharmoniker
EMI 5 57319 2
22:10 10:27
Pianoconcert in F gr.t. (2)
Earl Wild piano
Arthur Fiedler - Boston Pops Orchestra
RCA Victor 8287661393 2
22:20 2:40
De vier jaargetijden - De winter (3)
Giuliano Carmignola viool
Barok Orkest Venetië
Sony SK 51352
22:23 1:14
Abdelazer - Rondo
Wynton Marsalis trompet
Anthony Newman - English Chamber Orchestra
Sony Classical SK 66244
22:24 5:08
Abends-Rhapsodie
Fransesco D'Avalos - The Philharmonia
ASV 793
22:30 11:41
Concerto Grosso op. 3 no. 2
Jan Willem de Vriend - Combattimento Consort Amsterdam
Challenge SACC72140
22:42 3:22
Gladiator - Solitude
Wibi Soerjadi piano
Soerjadi Records 8 713053 60029
22:45 5:40
Don Giovanni - Madamina, il catalogo è questo
Thomas Quasthoff bariton
Jörg Faerber - Württembergisches Kammerorchester Heilbronn
RCA 74321 86952 2
22:51 3:05
Revirado
Gidon Kremer viool
Nonesuch 7559-79462-2
22:54 4:40
Symfonie no. 102 (4)
Claudio Abbado - Chamber Orchestra of Europe
Deutsche Grammophon 00289 477 8

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Chailly e a Gewandhaus triunfam de novo

Depois do sucesso com Beethoven, numa das melhores gravações de 2012, Riccardo Chailly oferece um Mendelssohn energético, firmemente ajudado pela sonoridade da Gewandhaus Leipzig, com que ao longo do ano passado foi executando em concerto.

Irresistível, um gosto:
Mendelssohn, Sinfonia No 3, 'Escocesa'


Riccardo Chailly é para mim, neste momento, o grande maestro da actualidade. Não me venham com destrambilhados Dudameis nem insípidos Baremboins. Nesta simbiose imprevisível de director e orquestra, Chailly transborda de mestria e deixa marca própria como poucos.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Vertigo revisited - grande e a cores

Tendo sido o mais votado para o melhor filme de todos os tempos, não faz sentido ser "a favor" ou "contra", mas não tenho dúvida que está entre os 50 melhores - depois, claro, da outra obra prima Janela Indiscreta.

Vê-lo em écran grande, restaurado, numa sala de cinema, é uma experiência que eu gostaria de ter tido quando o vi pela primeira vez. Agora que quase o conheço de cor, dá-me apenas o prazer de apreciar melhor como Hitchcock constrói minuciosamente planos e movimentos de câmara, escolhe cenários e desenha luzes e sombras - ou seja , a parte formal da imagem, visto que a narrativa nada ganha com o HD.

Ora a narrativa é justamente onde ele é mestre; rever Vertigo assim, em "grande", não traz emoção nem tem nada de novo por onde nos agarrar; acaba por ser uma experiência algo fria, racional, distante, como escutar em digital remasterizado aquilo que nos entusiasmamos a ouvir em vinil.





Mesmo assim, é espantosa a direcção de actores, e que grandes actores! Nada a ver com esses pindéricos que actualmente são famosos. São absolutamente deliciosas as cenas no estúdio de Mitch, a personagem com que Hitchcock nos faz mais simpatizar, mesmo que usando um humor algo amargo. E, finalmente, as sequências da torre, escadaria acima, são agora muito mais contrastadas, inteligíveis, nítidas - o que as faz perder em mistério. A entrada trágica da freira que provoca o desenlace fatal costumava ser terrível, obscura, quase diabólica; perdeu, a meu ver, ficando mais colorida e iluminada, mais trivial... mas ainda faz tremer !

Enfim, aquilo que é o âmago do filme - como o Bem se transforma facilmente em Mal, como a vontade de salvar a pessoa que se ama se transforma em vontade de matar a pessoa que se odeia por obra de coisa pequena, uma coisita pouca de se trazer ao pescoço - está lá por inteiro, perturbante como sempre.

O que me consola...

...é este mapa de visitas ao meu Ultima Thule:


Sobretudo aqueles visitantes lá em cima, do Ártico :), e nos antípodas do Pacífico.

Só gostaria de mais pontinhos azuis pela Rússia fora até aos Urais, pelo menos...

Não é um gozo, saber que se é lido assim nos confins do planeta ?

domingo, 6 de janeiro de 2013

Este banco, sim, dá música




É numa rua de Irkutsk, no centro da Sibéria.
Cada vez estou mais fascinado pelo que sei e vejo desta cidade. Sem exagero, deve ser simplesmente uma das mais bonitas do mundo. E quem vive naquele sítio há poucos anos maldito, e ainda agora isolado, tem muito bom gosto.

Há uma grande diferença entre a China-BRIC e a Rússia-BRIC :  aqui o dinheiro não vai só para arranha-céus.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Viver abaixo das possibilidades, crime maior

Que se gaste mais do que se deve, é problema menor de tesouraria; agora que se gaste "mal e porcamente"...

A lista de maiores vendas de livros em Portugal é angustiante. Como é possível que se gastem tantos 15€ e 20€ em porcarias como as 50 Sombras de Cinzento, em porcarias-quadráticas como sequelas desse mesmo evitável lixo literário, e em porcarias-cúbicas como obras do José Rodrigues dos Santos. São esses que andam nos tops, semana após semana.


É para isso que se defende a leitura? Não, tenham paciência, mais vale não ler do que perder tempo com lixo impresso. Vale tanto como ver o Fashion TV, a Praça da Alegria ou estar horas à conversa no Facebook.



Não entendo. Andam famílias a gastar aos 50€ mal gastos, quando há tanta coisa imperdível e barata por aí - os clássicos, para começar, em reedições baratas, mesmo os clássicos populares. Se querem malandrice, vão ao D. H. Lawrence. Se querem aventura esotérica, à Ilíada, ao Asimov, ao Borges, ao Eco.

O problema maior dos portugueses não é viverem acima das possibilidades; é viverem abaixo.

E é problema deles - não há troika nenhuma que imponha esse auto-infligido pacto de agressão.


P.S.  
É verdade que o exemplo vem de "cima": o Acordo Ortográfico é um bom exemplo de como o poder gasta dinheiro em lixo, disponibilizando uma língua mais pobre a que os 'Rodrigues dos Santos' aderiram entusiasticamente.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Bellini por Luba Orgonasova na CM, dia 18

Vou começar a temporada CM com Verdi e Bellini. A soprano Luba Orgonasova vem ao Porto interpretar "Caro nome" e "È strano! È strano!" de Verdi, mas de todo o programa, espero o melhor deste momento:

Luba Orgonasova, Qui la voce sua soave 
de Bellini, I Puritani


De resto, que dizer de Berio (4 dedicaces) e Casella (Italia, uma espécie de zarzuela)? Cacofonia, estragação. Talvez por isso, sala longe de esgotar, ainda.

Os próximos tempos anunciam-se difíceis na CM, a opção pelo muito-e-barato é um erro desgraçado, qualquer casa decente da Europa prefere pouco-e-bom. Mas antes isso do que viver, como se diz, "de acordo com as nossas possibilidades" - traduza-se, com pouco-e-mau.

Qui la voce sua soave...

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A abrir o Ano Novo, uma elegia pelo Velho

Um lamento em música, é talvez o que merece ficar do ano terminado.

Tchaikovsky - Serenade for Strings in C Major, Op.48 (Élégie)

Mas na verdade, assim também se começa 2013 em beleza. Muita. Assim possa continuar.